Frequentemente atendo pacientes interessados em facilitar a vida e substituir as refeições por suplementos alimentares. Quando digo refeições, estou me referindo também ao almoço e o jantar. As justificativas para tal substituição são inúmeras, uns me falam sobre facilidade, outros… comodidade, aí vem a praticidade e por aí caminha a conversa…
Eu não tenho absolutamente nada contra a suplementação, pelo contrário, em muitos casos sou totalmente a favor, desde que não seja pela substituição completa do alimento, principalmente no almoço e no jantar. Quando faço uma dieta e conduzo uma consulta, eu não sou o tipo de profissional que inclui as castanhas e os vegetais e os grãos na alimentação, eu sou aquela nutri que inclui o resto dos alimentos nessa dieta.
Eu não sei se muitos sabem o que é uma dieta ou um plano alimentar, mas vai muito além de apenas carboidratos, gorduras e proteínas. As propriedades nutricionais dos alimentos estão longe de ser apenas macronutrientes. Nos últimos 50 anos a nutrição evoluiu como nunca e a falta dos micronutrientes na dieta estão cada vez mais sendo relacionados com morbidades e mortalidades.
Mas que isso tem a ver com suplementação?
Ora, se você quer se alimentar somente de suplementos (aqueles comuns, malto, whey, albumina), aonde vai encontrar os micronutrientes, em especial os fitonutrientes dos alimentos? Eu não estou me referindo a carboidratos, proteínas e gorduras, equilibrar isso é fácil. Eu estou me referindo à verdadeira parte nutricional dos alimentos, como o alfacaroteno, as antocianinas, as betalaínas, os flavonoides, os fitoesteróis, os sulfetos alílicos… – encontrados somente em alimentos naturais.
Perder peso é fácil, tem receita em qualquer revista (e olha que nem precisa ser de alimentação), porém não são equilibradas, não são certas, não são personalizadas e muito menos funcionais. Aquele personal, aquela blogueira e aquele amigo de academia deviam ser condenados por “instruírem” pessoas leigas baseados apenas em quantidades de gorduras saturadas ou quantidade elevadas de proteína.
Aquele biscoito ou aquele frango que você come não contém nenhuma carga importante de antioxidantes ou de fitonutrientes e estes sim são os verdadeiros “remédios” na luta contra doenças virais, envelhecimento e o tão temido câncer. A dieta pobre em fitonutrientes (que não estão presentes nos suplementos comuns) é a grande responsável por sistemas imunológicos debilitados e o aumento da incidência de câncer nas populações – principalmente da norte americana que além de suplementos, vive a base de “fast foods” e produtos processados.
Os alimentos processados ganharam a indústria e aos poucos foram sendo fortificados com vitaminas para suprirem doenças como anemias, bócio e escorbuto. O resultado? Hoje quase todo o mundo se alimenta de produtos processados, deixando de lado alimentos naturais e mais nutritivos como vegetais, frutas e castanhas. A consequência? Sistema imunes debilitados, envelhecimento precoce, aumento da incidência de doenças transmissíveis e não transmissíveis.
A simplificação exagerada da alimentação humana levou a fabricação de suplementos que podem sim levar a uma ingestão adequada de macronutrientes, mas deixa muito a desejar na diversidade de micronutrientes, sem falar no prazer de comer. Por exemplo, uma dieta com 20% de gordura poderia ter uma oferta de micronutrientes adequada ou não, assim como uma de 40% de gordura. Então não é a proporção entre gorduras e carboidratos que importa para a saúde, o que importa mesmo é a absorção dos micronutrientes que muitas vezes precisam (pasmem!!) da gordura para serem absorvidos.
Então não é uma dieta pobre em gordura e rica em proteínas que vai te fazer mais saudável (uma pausa para o frango com batata doce) e nem o abuso na ingestão de suplementos que bate recordes de venda a cada ano.
Os suplementos são apenas complementos alimentares e não servem para substituir refeições. E a revista de moda não tem a dieta ideal para você, quem tem é a nutricionista.

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