A revista National Geographic traz em sua edição de novembro de 2018 uma matéria com o título acima. A discussão é pertinente e é bom começarmos a pensar no assunto. Com a população mundial ultrapassando os 9 bilhões de pessoas, para atender as necessidades alimentares de tanta gente, vamos ter que aumentar a produção de comida em cerca de 50%.
O problema é como aumentar a produção sem destruir o meio ambiente ? Talvez o maior problema seja o da produção de proteína animal. Segundo a publicação , ” só a criação de rebanhos responde por um sétimo (14%) da emissão dos gases de efeito estufa resultante de atividades humanas, para a produção da carne bovina é necessária 8 vezes mais água e 160 vezes mais área (com risco de desmatamento) por caloria que para o cultivo de legumes e cereais.”
Várias soluções têm sido estudadas. A Beyond Burger, nos EUA, passou a produzir um hambuger com aparência de carne, mas preparado com beterraba e proteína de ervilha. Seu maior concorrente o Impossible Burger já vende em mais de 1000 estabelecimentos nos EUA e em Hong Kong um hamburger vegano, que “sangra” porque é enriquecido por uma proteína sintética similar à da hemoglobina.
Outra ideia, mais radical,é produzir carne sem utilizar animais. A produção de carne, neste caso seria comparada com a produção de cervejas. Culturas de células animais seriam feitas em tanques enormes em instalações muito parecidas com as atuais cervejarias.
Outro mercado crescente é o do consumo de insetos, não como iguarias, como na Tailândia ou no México, mas como fonte proteica, para enriquecimento de outros alimentos. Os grilos, por exemplo contêm muito mais proteína e micronutrientes por quilo do que a carne bovina, além de se reproduzirem no escuro, em grandes densidades populacionais e produzirem poucos dejetos. No Texas, uma fazenda de criação de grilos, a Aspire, já comercializa pó de grilo moído para ser incorporado em panificação, barrinhas energéticas de cereais e smoothies.
Novos tipos de gordura também estão em estudo. O líquen da seiva do castanheiro-da-índia, por exemplo, foi modificado geneticamente, para produzir em maior quantidade. O líquen colhido é colocado em grandes tanques, alimentado com cana-de-açúcar, para se reproduzir e depois prensado, produzindo um óleo de cozinha leve, de sabor neutro e ponto de fumo elevado, comercializado com o nome de Thrive.
O mesmo se aplica às ervas daninhas. Seu cultivo e aprimoramento poderia produzir campos de produção permanentes, sem a necessidade de safras atuais, evitando a semeadura e a colheita, que retiram do solo nutrientes, aumentam a erosão e o assoreamento de rios. O Land Institute, no Kansas, já cultiva, em 200 hectares, um cereal, conhecido como trigo-grama (Trinopyrum intermedium) para comercialização. Olha o espaço ai para as nossas pragas comestíveis: que tal estudar melhor a produção de Ora Pro Nobis, por exemplo ?
Afinal, como diz, na mesma reportagem Raj Patel, um especialista em produção de alimentos: ” No século 21, está ficando óbvio que aquilo que a gente considerava erva daninha pragas pode virar o nosso alimento.”
FONTE: Tracie McMillan em Revista National Geographic Brasil, novembro 2018, pag. 63